segunda-feira, 4 de abril de 2011

Como a criança é vista pela alta sociedade

 

Vendo os posts no Twitter ontem, me deparei com a seguinte frase: “Eu não imagino minha filha colocando uma roupa da Renner nem para dormir”. A autora é uma socialite, mãe de uma menina de 8 anos que desfila na Fashion Kids, uma espécie de São Paulo Fashion Week para crianças.

A questão é o tipo de ser-humano que estão criando. Em entrevista ao Jornal Estadão, elas não veem problema nenhum em ostentar regalias para crianças com no máximo 10 anos de idade. “Ser legal é ter ido à Disney várias vezes”.

Que tipo de pessoa essas meninas vão se tornar amanhã? Meninas sem limites, sem escrúpulos. Meninas que acham que as que não tem dinheiro para comprar roupa de grife são menos que elas…Sim, serão menos. Serão menos egoístas, menos patricinhas, menos arrogantes.

Sou mãe de um menino de 6 anos e de uma neném, de quase 4 meses. Não me vejo ostentando nada além do que roupas de grandes magazines. E quer saber? Sou muito feliz em ser assim. Eu tenho pena destas crianças, de verdade. Tenho pena da prisão que elas estão sendo submetidas pelos próprios pais, por quem deveria defende-las. Sou muito satisfeita em colocar um vestidinho simples ou uma camiseta legal, “irada” nos meus filhos e receber como recompensa um sorriso lindo e não um “ Compra um rosa ou uma mais caro na próxima vez,mãe?”. Se eu tivesse o poder do conselho para elas, eu diria para deixa-las viver sua infância, sua mocidade. Se permitir a se lambuzar, a usar calça jeans, short, camiseta. A deixa-las serem crianças, simplesmente.

Confira na íntegra a entrevista ao Estadão:

Para entender melhor o público que frequenta - e adora - o Fashion Weekend Kids, desfile infantil que está em sua 12.ª edição, apresenta 11 marcas e termina hoje no Shopping Iguatemi, o Estado conversou com três mães e uma tia na elitizada plateia: as empresárias Sandra Mussi, de 39 anos, mãe de Carolina, de 8; Renata Galvão, de 24, de Larissa Flávia, de 8; a advogada Carla Rocha, de 39, mãe de Helora, de 5; a administradora Sofia Menano, de 42, tia de Mariana, de 9.

As meninas desfilaram?

Sandra: A Carol sempre desfila. E todo ano sai no Glamurama (coluna social eletrônica).

Mas ela sabe do que se trata?

Sandra: Uma criança de 3 anos sabe.

Como era na sua época?

Sofia: A gente nem sonhava.

Sandra: Eu, com 10 anos, mal falava, pensavam que eu era gaga. A Carol, com 8, já foi 4 vezes à Disney. Ela é aquela ali (apontando) de blusa cinza de babado e saia de chamois (o traje, diz a mãe, custou R$ 500).

Vocês acham que as meninas sabem discernir as grifes?

Todas: As infantis, sim.

Sandra: A minha filha quer óculos Chanel, Prada. A gente gosta de coisa boa, eles aprendem.

Carla: Se meu marido ouve isso, tem um surto.

Por quê?

Carla: Ele pensa diferente.

Sandra: Ele é intelectual (risos gerais).

Sofia: A criança deveria ser criança por mais tempo.

Sua sobrinha gosta de grife?

Sofia (apontando para a bolsinha Givenchy branca da menina): O que você acha?

Ela sabe dizer o nome?

Sofia: Claro!

Sandra: Sabe o que eu acho? Se a gente comprasse na C&A, na Riachuelo, elas não estariam tão antenadas. Eu não imagino minha filha colocando uma roupa da Renner nem para dormir.

Renata: Espero que elas consigam manter esse padrão.

Sofia: Elas guardam dinheiro.

Pra quê?

As três (rindo muito): Comprar uma Chanel, um Dior.

Sandra: Elas não querem mais bufê infantil. Querem ir para Paris.

Renata: A minha foi para Disney no ano passado, vai de novo e, no ano que vem, quer Paris. Vamos levá-la à Eurodisney.

Sandra: A Carol faz coleção de Torre Eiffel.

Compram na muito Disney?

Renata (ri): Fomos com duas malas, voltamos com cinco.

Será que na escola existe uma "alta sociedade infantil"?

Todas: Sim, claro.

Renata: No ano passado, teve até uma polêmica. Quase todas as crianças tinham ido à Disney. Como fazer com as que não foram?

Sandra: A Carol foi pela primeira vez aos 3 anos.

Os pais têm responsabilidade sobre os valores da criança?

Todas: Total!!

Renata: Eu sou muito simples. Meu marido está em Las Vegas, mas ninguém precisa saber, entende? Eu, em Santos (ela mora lá), dirijo um Vectra. As pessoas pensam: "A Renata comprou um imóvel de R$ 2 milhões e anda de Vectra!"

Sandra: No último aniversário, o presente que a Carol mais gostou foi um forninho de pizza de plástico que custa R$ 20.

Renata: Vou comprar um SUV, mas porque tive um problema de coluna, hérnia de disco, e o Vectra é muito baixo.

O que quer dizer SUV?

Carla (fecha o olho para ver se lembra, vai até o marido e volta): Sport Utility Vehicle.

 

*Entrevista dada ao Estadão, no dia 03/04/2011



3 comentários:

  1. Eu li esta matéria.
    Ainda bem que as mães sabem que são as maiores responsáveis por este consumismo desenfreado das filhas.
    Daí não vão poder chorar quando, daqui 10 anos, elas preferirem uma balada em New York a passar o Natal com a família.

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  2. Pois é Lu...Eu acho um absurdo mães que transformam seus filhos em produtos, em objetos...É tão bom tratar criança como criança,sabe? Poder brincar, permitir que eles aproveitem a infância...É um tempo que passa rápido demais para ser perdido com besteiras...

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  3. Adorei o post viu! Criança tem que ser criança. Hoje em dia me espanto com algumas atitudes de certas "crianças"... Perderam totalmente a infância!!!
    Lindona, assim que quiser conversar sobre os post's de casamento estou a sua disposição. Já inseri você no Blog das Bella's e daqui uns dias coloco no Blog do Cerimonial também ok: http://www.renatamazer.com.br/blog/
    Divulgue a gente também!
    Beijo e obrigada

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